sábado, 29 de setembro de 2007

UMA DEVIDA HOMENAGEM/ARTHUR RIMBAUD


Jean-Nicholas Arthur Rimbaud nasce em 20 de outubro de 1854 em Charleville, nas Ardenas, no norte da França, perto da fronteira belga. Nesta pacata cidadezinha, repleta de casas com telhados angulares, onde tranquilos burgueses contemplam os meandros do rio Meuse, Vitalie Cuif, de origem camponesa e filha de proprietários rurais, conhece o capitão Fréderic Rimbaud. Casam-se em 1853 tendo como primeiro filho Fréderic, que acabará como motorista de ônibus no vilarejo vizinho de Attigny. Após o nascimento de Arthur, o casal viverá praticamente separado, pois o pai apenas regressará ao lar raríssimas vezes. O capitão de infantaria Rimbaud desde cedo havia se engajado no exército como soldado e pouco a pouco galgara diversos escalões. Participara da conquista da Argélia tornando-se posteriormente oficial de administração em Sebdu, na região de Orã. Culto e letrado, deixou várias obras (que se perderam), como, por exemplo, traduções do Corão, discursos militares, tratados de estratégia, etc.. Com a capitulação de Abdel-Kader, retorna à França e seu batalhão fica estacionado nas Ardenas. Pouco após o casamento, deixa sua mulher Vitalie e volta à vida militar em Lyon. No outono de 1854 permanece alguns dias em Charleville para acompanhar o nascimento de Arthur, retornando novamente a seu batalhão. No fim de 1856 recebe autorização para passar algum tempo com a família. Neste período nascem Vitalie, em 1858, que viverá apenas dezessete anos, e Isabelle, em 1860, que se tornará grande amiga do poeta e o assistirá em seus derradeiros dias. O capitão Rimbaud percorre com sua unidade a Alsácia e suas tentativas de retorno à vida familiar se revelarão infrutíferas, pois Vitalie tornara-se autoritária e insuportável. Após infindáveis discussões com a mulher, volta definitivamente a seu regimento e nunca mais de ouvirá falar nele.

Elle est retrouvée!
Quoi? L' éternité.
C est la mar mêlée
Au soleil

Mon âme éternelle,
Observe ton voeu
Malgré la nuit seule
Et le jour en feu.

Donc tu te dégages
Des humains suffrages,
Des communs élans!
Tu voles selon...

— Jamais l' ésperance.
Pas d' oríetur.
Science et patience,
Le suplice est sur.

Plus de lendemain,
Braises de satin,
Votre ardeur
C' ést le devoir.

Elle est retrouvée!
— Quoi? — L' éternité.
C' est la mer mêlée
Au soleil.



Ela foi encontrada!
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
Ao sol.

Minha alma imortal,
Cumpre a tua jura
Seja o sol estival
Ou a noite pura.

Pois tu me liberas
Das humanas quimeras,
Dos anseios vãos!
Tu voas então...

— Jamais a esperança.
Sem movimento.
Ciência e paciência,
O suplício é lento.

Que venha a manhã,
Com brasas de satã,
O dever
É vosso ardor.

Ela foi encontrada!
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
Ao sol_____________
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O saisons, ô châteaux!
Quelle âme est sans défauts?

J' ai fait la magique étude
Du Bonheur, qu' aucun n' élude.

Salut à lui, chaque fois
Que chante le coq gaulois.

Ah! je n' aurai plus d' envie:
Il s' est chargé de ma vie.

Ce charm a pris âme et corps,
Et dispersé les efforts.

O saisons, ô châteaux!

L' heure de sa fuite, hélas!
Sera l' heure du trépas.

O saisons, ô châteaux!


Oh estações, oh castelos!
Que alma é sem defeitos?

Eu estudei a alta magia
Do Amor, que nunca sacia.

Saúdo-te toda vez
Que canta o galo gaulês.

Ah! Não terei mais desejos:
Perdi a vida em gracejos.
Tomou-me corpo e alento,
E dispersou meus pensamentos.

Ó estações, ó castelos!

Quando tu partires, enfim
Nada restará de mim.

Ó estações, ó castelos!
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