segunda-feira, 10 de setembro de 2007

GAROTO BOBO

Naquele instante me convenci, que o homem que vi, sorriu pra mim.Fui pro meu quarto, frio no estômago, arfante respirar, da dama louca. que sabia, ia se apaixonar. entre pensamentos, o seu sorrir pra mim, tirou-me o chão, ouvi a chaleira apitando sobre o fogão.Não sabia se oque ouvia era voce assoviando pra mim, ou eu é que queria ouvir como canta a cotovia . A cama a chamar-me, e você se aproximando, seu cheiro até minhas narinas penetrando, e sensivel e intensamente, vi-te parado a me olhar, como quem vê e não consegue acreditar. Lá na cozinha a chaleira fervia, o mate se misturava ao cheiro que vinha com voce. Por um instante, o mêdo me bateu, e quem fervia agora era eu. O mesmo garoto bobo, que com olhos de cachorrinho pidão,outrora me admirava estava ali, ao alcance de minhas mãos e tudo mais. Já não subia as escadas correndo e sorrindo, estava eu paralizada. A Bá negra, que pouco enchergava, o bolo preparava, de milho ou aipim, não sei, mas o sabor, do garoto bobo, ali mesmo provei. Lá fora, no velho pé de ipê amarelo, o gato preto de olhos tambem da cor das flores, ronrronava, a cigarra cantava, anunciando, que a primavera chegava. A vidraça fechada,dois corações entrelaçados, pela ponta dos dedos desenhados, estava suada e o bem -te -vi, no cercado, cantava. Escutava ao longe, a Bá derramando o chá no canéco, mais velho que ela, e meu bobo garoto, seu liquido quente, tão fervente quanto o chá, em minha jovem fenda tambem a se entregar, como o rio se entrega ao mar. Agora eu, a cigarra, o bem -te vi,a cotovia estavamos a cantar, e o gato preto de olhos amarelos, a lamber-se todo, miava como se juntos, adivinhava o mágico gozo que agora chegava, como voce chegando e sorrindo pra mim. Enfim, a dama louca iria descansar depois de gozar.

ENQUANTO A BÁ DERRAMAVA O CHÁ
FERVENTE NO VELHO CANÉCO
EU ABRIA PRA VOCE MINHA TENDA
FENDA LOUCA, SUADA, MOLHADA

ENQUANTO O GATO EM LAMBIDAS
ASSISTIA DO ALTO IPÊ
EU E VOCE, NUM ANIMALESCO BAILAR
ERA O MEU GAROTO BOBO
DO TEMPO, DA VIDA ESCOLAR
ALI A ME AMAR.

ENQUANTO LÁ FORA
A ORQUESTRA REGIA
O CANTO DOS PÁSSAROS
DESTACANDO-SE A COTOVIA
E NO NOSSO DESCANSO
DEPOIS DO GOZO,NOSSOS CÓRPOS
EXAUSTOS, DORMIA,E A CHÁ AINDA FERVIA.

Cristal 10/09/2007

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