CONFESSO , ESTOU CANSADA.QUANDO SAI PORTA A FORA, CARREGANDO MALAS E SACOLAS, NÃO IMAGINAVA, OUTRA IDA, OUTRO ADEUS. LEVEI COMIGO NA BAGAGEM TODOS OS SONHOS MEUS, PRA UM DESTINO INCERTO ASSIM COMO EU. OLHAVA O CÉU, ESCURO , SOMBRIO, AMEAÇANDO CHUVA, CHUVA IMENSA. ANDAVA APRESSADA, MAS NÃO SABIA DE NADA, QUAL SERIA A PROXIMA PARADA, ONDE DORMIRIA EU? A CIDADE APAGADA, ERA O BREU, INSANO, ATEU, ME CHAMANDO AO DESESPERO, SERÁ QUE ERA OUTRO SONHO MEU:?
AS LÁGRIAMS CAIAM, A CHUVA CHEGAVA, SE APROXIMAVA E EU PARTINDO OUTRA VEZ.PARALIZADA, MINHA CABEÇA RODAVA, TANTO QUANTO A ROSA DOS VENTOS, OU A BAILARINA DO PORTA JÓIA QUE HAVIA DEIXADO, NAQUELE PASSADO. ERA MAIS UM SONHO, OU SERIA PESADELO?
ESTOU CANSADA, CONFESSO, DE CORRER PRO NADA, DE BUSCAR SEM ENCONTRAR, ESTOU CANSADA, JÁ NÃO SEI MAIS ESPERAR, FUI DEIXANDO PELO CAMINHO , AS BAGAGENS, AS SACOLAS , AS MÁGOAS. LARGANDO OS APELOS, E APEGOS, QUE AGORA , NÃO VALIAM MAIS NADA, ERA O PÓ DA ESTRADA, DOS CARROS EM MOVIMENTO, DAS NUVENS PESADAS, CARREGADAS. SOMBRIA E FRIA CHEGAVA A MADRUGADA, TAL QUAL MINHA JORNADA, ESTAVA CANSADA, DOS DESAFETOS E AMORES MAL RESOLVIDOS, MAL VIVIDOS. ESPERAVA MAIS OQUE ,ALEM DE VER A CHUVA CAINDO, LAVANDO MEUS PENSAMENTOS, LIMPANDO AS FERIDAS, QUE SANGUE VERTIAM, RISCANDO O CHÃO ONDE EU PISAVA. MORTO NA CALÇADA. O CÃO SEM DONO, NUM TOTAL ABANDONO, E AS PESSOAS PASSAVAM , COM DESPREZO OLHAVAM DA MESMA FORMA QUE PRA MIM SE VIRAVAM, RUAS DE OUTONO, RUAS SOLITÁRIAS, GENTE ANESTESIADA, PRA DOR DE MAIS NINGUEM LIGAVAM, SE EU MORRESSSE ALI, ESTARIA COMO AQUELE CÃO, SEM DONO, SEM NADA, SEM VIDA, JOGADA NA CALÇADA.DESFIZ=ME DOS MEUS LENÇOS E DOCUMENTOS, ASSIM COMO CANTAVA CAETANO, AGORA SIM, NÃO ERA NINGUEM, NÃO TINHA MAIS NADA, SÓ O PÓ , A CHUVA , MEU CORPO CANSADO RODANDO FEITO A BAILARINA, DO VELHO PORTA JOIAS ABANDONADO. MORREU MEU PASSADO.
Cristal Amor 21/09/2007
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